O ato de ensinar por si só é um desafio e tanto. E lidar com uma grande diversidade de alunos acaba exigindo muitas competências do professor, que tem papel fundamental na preparação deles. Isso se dá especialmente quando falamos em educação 4.0 — tendência que alia novas tecnologias às metodologias tradicionais de ensino —, realidade que vem mudando o papel do professor dentro e fora da sala de aula.

Em qualquer época essa é uma atividade desafiadora, mas podemos dizer que as mudanças ocorridas ao longo do tempo aumentaram as exigências para esse tipo de profissional. Afinal, é enorme a responsabilidade de formar pessoas no mundo de hoje.

E você, já pensou sobre esse assunto? Aproveite para conferir quais são as principais características que destacamos para o professor do século 21.

Boa comunicação

A base do ato de lecionar é comunicar-se com o outro. A troca entre pelo menos duas pessoas (no caso, o professor e o aluno) é fundamental para a aprendizagem, a não ser que se trate de um autodidata.

Sendo assim, o ideal é que esse intercâmbio aconteça da melhor forma possível para que ambos consigam dividir experiências, dúvidas e soluções. Para isso, é importante que as informações sejam bem transmitidas — ou seja, que o professor tenha a habilidade de expressar claramente sua mensagem, instruindo e motivando o aluno.

Na verdade, investir em uma boa comunicação é uma necessidade em qualquer área de trabalho. Porém, quando há outra pessoa ali disposta a ouvir e aprender, você se torna um exemplo e deve procurar ser o mais correto possível, concorda?

Então, é preciso ter muita cautela com todas as formas de comunicação (oral, escrita e não verbal) para não dificultar ou prejudicar o processo de aprendizado. Especialmente os professores precisam ter a consciência de que saber interpretar o outro e emitir suas ideias com clareza é determinante.

Criatividade

Não há nada mais desgastante do que participar de aulas que seguem o mesmo ritual sempre. Essa previsibilidade e a falta de inovação acabam gerando desinteresse do aluno, que sente falta de algo novo que prenda sua atenção.

É claro que inventar uma coisa diferente a cada dia também não é uma tarefa fácil ou obrigatória. Contudo, trabalhar a criatividade para despertar a disposição dos estudantes é uma tática que apresenta bons resultados.

Aliás, isso ainda contribui para que eles também se tornem pessoas mais criativas e capazes de superar desafios diversos, que muitas vezes vão além das próprias expectativas.

Essa questão se torna ainda mais relevante ao identificar que as gerações mais novas naturalmente vivem em um mundo mais dinâmico, cheio de informações e distrações a todo momento. A partir disso, a criatividade surge como uma ferramenta de estímulo para a absorção do conhecimento.

Pensamento crítico

As redes sociais e a internet de forma geral nos colocam hoje diante de uma imensidão de dados e opiniões. Notícias verídicas e outras que nem sempre contêm verdades, mas que correm o risco de se tornar realidade quando expostos em massa (muitas vezes, a intenção é realmente essa).

Diante disso, é essencial que os alunos sejam incentivados a refletir sobre tudo o que ouvem, leem e consomem. Essa postura evita a reprodução automática e inconsciente e conduz os jovens à pesquisa e reflexão — o que fortalece sua capacidade de analisar informações e estruturar a própria opinião a partir delas.

Caso contrário, eles ficarão sempre à margem da construção de uma mentalidade crítica, capaz de ajudá-los a fazer escolhas, tomar decisões e agir como bons cidadãos.

Capacidade de lidar com as tecnologias

Em pleno século 21, não dá mais para continuar com métodos tradicionais e ultrapassados, não é mesmo? Os anos prosseguem e é imprescindível acompanhar a evolução das coisas. Nesse sentido, é inevitável falar de um aspecto específico: o avanço da tecnologia.

Antigamente, os professores recebiam o material didático, preparavam suas aulas e escreviam as informações na lousa para que os alunos copiassem a matéria em seus cadernos. Tudo podia ser resolvido com lápis, caneta, papel, giz e apagador.

Aos poucos, foram surgindo novos recursos como os mimeógrafos, computadores, projetores etc. Hoje, as salas de aulas modernas praticamente não se parecem com os modelos do passado.

Para muitos isso foi uma grande dificuldade, pois sair da zona de conforto nem sempre é simples. No entanto, é extremamente importante que um profissional conheça e consiga lidar com as tecnologias atuais, sobretudo para oferecer um ensino diferenciado e cheio de facilidades para seus alunos.

Por exemplo, a criação de grupos virtuais para troca de informações e resolução de dúvidas é uma realidade bastante comum. Como o horário das aulas é limitado, essa possibilidade traz efeitos positivos para os estudos, assim como a recomendação de documentários, séries, blogs, aplicativos, entre outros que valem a pena acompanhar.

Isto é, a tecnologia não precisa e não deve ser excluída do ambiente acadêmico —inclusive, é uma bobagem acreditar que ela rouba o papel do educador. Suas boas ferramentas podem ser utilizadas por alunos e professores, com o objetivo de agregar valor ao processo de aprendizado.

Empatia

Uma das habilidades do século 21 é a empatia, tanto no mundo corporativo, acadêmico quanto em qualquer outro. Quando o convívio e a colaboração devem estar presentes, é de grande valor a capacidade de se colocar no lugar do outro.

Isso facilita a aproximação e as interações em sala de aula, já que o aluno é respeitado e sua condição é considerada. Para o professor, o desafio está em perceber as diferenças existentes em sala de aula, de forma a adequar sua abordagem sempre que sentir necessidade. Consequentemente, as distâncias e as dificuldades são minimizadas.

Liderança

Diante das novas ferramentas e da ascensão de metodologias ativas de aprendizagem, os alunos tornam-se cada vez mais protagonistas do processo de ensino e aprendizagem, fazendo do professor um líder nesse cenário.

O professor deve ser capaz de direcionar uma turma com diferentes perfis, adotando metodologias ativas de ensino e propondo inovações que desafiem e façam sentido para todos, como um verdadeiro líder de equipe. Ou seja, bons professores precisam desenvolver competências técnicas que, somadas às suas competências comportamentais, os tornem semelhantes aos líderes empresariais.

Nesse sentido, um bom professor, assim como um grande líder, não é aquele que apenas ensina, mas o que inspira, instrui e motiva seus alunos. Hoje, especialmente em função das redes sociais, não há mais o distanciamento de antes entre estudantes e mestres, assim, uma curtida em um post pode ser tão motivador quanto uma estrelinha na prova.

Curadoria de conteúdo

Se antes o professor era o detentor do conhecimento, principal responsável por transmiti-lo ao aluno, hoje ele precisa se colocar mais como um curador de conteúdo. Isso porque a informação está aí, disponível e acessível aos alunos por meio da internet, vinda das mais variadas fontes e nos mais diversos formatos possíveis.

Dessa forma, cabe ao professor de hoje identificar os conteúdos de boa qualidade e direcionar o aluno em sua própria busca pelo conhecimento. Mais uma vez, vale ressaltar que a proximidade com o professor faz dele, acima de tudo, um exemplo, um formador de opinião sobre assuntos que vão muito além dos acadêmicos.

Capacidade de Inovação

Um dos maiores desafios do educador na educação 4.0 é o fato de ele próprio ainda estar assimilando a transformação digital enquanto leciona para uma geração de nativos digitais. 

Crianças e jovens nascidos em plena era digital, criados em uma sociedade conectada e abarrotada de informações. O ritmo deles é outro, é natural que o professor precise inovar em sala de aula para captar a atenção desses alunos tão estimulados fora dela.

Apostar em novas metodologias, ferramentas e técnicas de ensino é um ponto crucial, porém, mais do que isso, precisam criar novas formas de se conectar com seus alunos, criando espaços de construção do saber e não mais de transferência de conhecimento.

Colaboração

Outra característica marcante da era digital é a colaboração. O conhecimento, por exemplo, aumenta quando é dividido, vide os espaços de compartilhamento virtuais, como a wiki, redes sociais, fóruns etc.

Dessa maneira, o professor deve ter essa habilidade bem desenvolvida para poder trabalhá-la com a turma, uma vez que a colaboração só ocorre quando todos os atores do processo de ensino-aprendizagem estão envolvidos — docente, estudante e demais funcionários da escola.

Deve partir do professor o estímulo ao compartilhamento de ideias, bem como a construção do respeito pela opinião do outro. Atividades como debates e jogos pedagógicos em sala de aula são uma ótima oportunidade para valorizar as diferenças no pensamento, destacando seus benefícios para o grupo como um todo.

Atualização constante

Adquirir conhecimento nunca é demais, pois há sempre algo novo a se aprender. Na posição de professor, esse fato ganha ainda mais relevância e deve ser considerado como uma prioridade.

Independentemente da área, existe uma necessidade de atualização constante para quem deseja oferecer sempre o melhor. Participar da formação de outra pessoa engloba essa responsabilidade.

Por isso, todo meio de absorver bons conteúdos deve ser aproveitado: livros, cursos, palestras, seminários, congressos, entre outros. Um profissional que está sempre em busca de conquistar novas competências certamente tem mais chances de contribuir com o outro, você não acha?

Além do mais, é um grande erro pensar que não há mais o que aprender. Os jovens de hoje já nascem curiosos e questionadores, o que exige dos educadores estarem sempre atentos e atualizados.