Várias simulações sobre mudança climática entraram em modo apocalíptico

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Por Juliana Blume, em 3.02.2020

Vários modelos computacionais que tentam prever o futuro das mudanças climáticas tiveram uma guinada negativa radical recentemente. Equipes diferentes tiveram como resultado de suas análises que o planeta vai se aquecer de forma muito mais catastrófica do que o antecipado.

Dezenas de modelos climáticos apontavam que a ação humana provavelmente iria causar um aquecimento médio de 3°C, e isso já seria um cenário terrível para o nosso modo de vida.

Em 2019, porém, esses modelos começaram a mostrar que a temperatura média deve subir em 5°C, um cenário apocalíptico para a humanidade e incontáveis outras formas de vida.

Estranhando essas projeções, eles começaram a entrar em contato com outros grupos de pesquisadores para comparar resultados. O principal grupo de pesquisa do Reino Unido, o Met Office Hadley Centre, concluiu que uma duplicação de CO2 liberado provocaria um aquecimento de 5,5 °C. Uma equipe do Departamento de Energia dos EUA terminou com 5,3 °C e o modelo canadense alcançou 5,6 °C. O Centro Nacional de Pesquisas Meteorológicas da França viu sua estimativa subir para 4,9 °C a partir de 3,3 °C.

Este trabalho de confirmação das projeções ainda vai levar alguns meses para ser encerrado, e ainda não há um acordo sobre como interpretar os modelos.

O mais preocupante em relação a este fenômeno é que esses modelos conseguiram projetar o aquecimento global de forma correta desde 1970. Eles continuam a utilizar dados oficiais de governos e objetivos de emissão de gases de efeito estufa, incluindo o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática mais atualizado da ONU.

O que esses modelos estão dizendo é que a mesma quantidade de poluição climática pode trazer um aquecimento mais rápido que imaginado anteriormente, e a humanidade teria menos tempo para evitar os piores impactos ambientais, econômicos e de saúde pública.

Uma estimativa com maiores temperaturas “provavelmente não é a resposta correta”, aponta Klaus Wyser, pesquisador sênior do Instituto Sueco de Meteorologia e Hidrologia. O modelo de Wyser produziu um resultado de 4,3°C de aquecimento, um aumento de 30% em relação à atualização anterior. “Esperamos que esta não seja a resposta correta”, diz ele.

Esses modelos ajudam cientistas a testarem ideias sobre o impacto do derretimento de geleiras, umidade do solo, correntes marítimas e nuvens.

Há mais de cem modelos usados para prever a relação entre o dióxido de carbono e o aquecimento, desenvolvidos por cerca de 25 grupos independentes.

Esses cálculos complexos são feitos em supercomputadores que criam modelos para o ar, terra e mar e analisa as interações entre eles. Caso haja consenso entre os pesquisadores de que as estimativas estão corretas, isso pode alterar a forma que governos e empresas respondem ao risco climático.

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